ACCRGS e sua relação histórica

Carlos-Gehm-da-Costa

Carlos Alexandre Gehm da Costa

Este artigo busca demonstrar através da Academia de Ciências Contábeis do Rio Grande do Sul, a relação histórica da contabilidade e a perpetuação da profissão contábil, para as gerações futuras possam usufruírem das conquistas e das evoluções das técnicas e dos estudos, sobretudo no desenvolvimento da pesquisa, com estímulo ao conhecimento prático, científico, histórico e tecnológico da Ciência Contábil.
Os estudos históricos permitem identificar nas ocorrências econômicas, políticas e sociais do passado, fatos que afetam o ensino contábil e a forma como a legislação analisada evoluiu até os dias atuais.
É indiscutível que a Ciência Contábil além de ser o centro das preocupações da Acadêmica de Ciências contábeis do Rio Grande do Sul, é também o grande instrumento de interpretação das formas de vida humana e de percepção histórica.
Novos trabalhos, pesquisas e correntes de pensamentos poderão alavancar uma nova etapa da profissão em relação a conteúdos, as novas metodologias contábeis e análises de eventos econômicos, políticos e sociais, elementos esses que integram a Contabilidade a outras áreas de conhecimento.
Em concordância com a metodologia aplicada para realização desta pesquisa, consiste numa revisão bibliográfica. Por buscar uma visão conceitual sobre determinado assunto, é uma pesquisa que fundamentará em novos conhecimentos. É uma pesquisa qualitativa pois analisa e interpreta aspectos mais profundos, descrevendo a complexidades do comportamento humano.
Concluiu-se da importância da Academia de Ciências Contábeis do Rio Grande do Sul no desenvolvimento histórico e que a classe contábil sai fortificada com a existência da mesma, onde não somente serão cultivadas as memórias de todos aqueles que contribuíram para o aprimoramento da Ciência Contábil, mas também para o desenvolvimento de novos pensamentos e pesquisas na área contábil.
1 – INTRODUÇÃO
O termo Academia tem sua origem na Grécia, em torno do século III AC, quando Platão passou a reunir pensadores que discutiam questões filosóficas em um local chamado Jardins de Akademus, herói Ateniense. O grupo passou a ser conhecido por Akademia. Com o tempo, a reunião de pessoas especializadas em uma determinada área também passou a receber a mesma denominação.
Mais tarde o termo passou a ser usado também para designar estabelecimentos de ensino superior e posteriormente escolas onde se ministram práticas desportivas, artísticas entre outras técnicas. Sociedades de caráter científico, artístico ou literário também passaram a ser denominadas de academia.
Distinguem-se na História a Antiga Academia de Platão, a Arcesilau, e a Nova, que se prolongou até depois do século V. Foi com a época renascentista e o surgir do Humanismo que o princípio de Academia tomou novo fôlego, para que se pudesse levar a cabo o estudo de saberes relacionados com a filosofia, a arte, a música, a pedagogia, a cultura, a história, a literatura, a filologia e a ciência. Nesta altura, a forma de constituição das academias foi a de congregação de estudiosos e eruditos, apontando-se também como génese de algumas as associações.
O lexicólogo Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989), assim define Academia: “do grego Akademía, pelo latim academia, que é um substantivo feminino, extensão de Escola de qualquer filósofo, isso é, corrente de pensamento, de ciência ou arte, faculdade onde se ministra o ensino de práticas lúdicas, prendas, entre outros conhecimentos. Sociedade ou agremiação, particular ou oficial, com caráter científico, literário ou artístico.”
Na leitura do verbete, Academia é quando se tem um primeiro contato com a origem do termo e seus múltiplos sentidos contemporâneos.
Portanto, temos que dialogar nomeadamente a ciências contábeis, com a tarefa patriótica de defesa da contabilidade e suas essências. Obedientes a sua alocução, cultivamos a constância no compromisso de que a obra de todos fosse e sempre seja “contada entre as sólidas e brilhantes páginas da nossa vida profissional”.
A tarefa da Academia de Ciências Contábeis do Rio Grande do Sul é a rígida preservação, de preservar enriquecendo, fortalecendo, alongando, pelo tanto que o passado nos dá no presente. As atividades da Academia são desenvolvidas com fiel observância aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e economicidade, com ampla publicidade dos seus atos, projetos e missões.
A Academia abriga e até estimula o contraditório. É esta a razão que alvejamos para chegar no futuro a enfrentar mudanças e transformações. Aliás, todos sabem que é mais ou menos fácil mudar, o difícil é transformar. Só pode-se proceder à necessária consolidação e ao conveniente desfrute da democracia se zelar pelo aperfeiçoamento da Ciência Contábil e dos seus enlaces com diferentes contextos culturais e suas técnicas.
Indiscutível que a Ciência Contábil é a central das preocupações acadêmicas, mas impossível desconhecê-la como o grande instrumento de interpretação das formas de vida humana e de percepção histórica.
2 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
De acordo com Gil (1999, p.26) pode-se definir método como caminho para se chegar a determinado fim. E método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento. A metodologia abrange a classificação da pesquisa, o sistema de coleta de dados e por último o plano de análise.
Quanto a natureza do artigo, classifica-se como qualitativo e, do ponto de vista dos procedimentos técnicos, como bibliográfico. De acordo com Marconi e Lakatos (2004), a pesquisa qualitativa analisa e interpreta aspectos mais profundos, descrevendo a complexidades do comportamento humano. Segundo Gil (2002) a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em materiais já elaborados, principalmente livros e artigos científicos. Neste sentido, os dados do presente estudo foram coletados através de livros e de sites pesquisados na Internet, no intuito de atingir o objetivo proposto.
Segundo Gil (1999, p.43) as pesquisas exploratórias têm como finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista, a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. Habitualmente envolvem levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso.
3 – A ACADEMIA
Tendo em vista a importância do conhecimento e sua constante evolução, as sociedades profissionais têm esperado contribuições cada vez mais amplas das academias: da formação profissional para os diferentes segmentos dos mercados de trabalho à contribuição para a inovação tecnológica, do avanço científico à extensão do conhecimento nelas gerados aos diferentes segmentos da sociedade (Henkin, 2009).
O mesmo autor afirma que um dos traços marcantes dos estudos sobre desenvolvimento, avanço tecnológico e competitividade, ao longo das últimas duas décadas do século XX é a importância atribuída ao conhecimento e sua natureza cumulativa.
[…]. As rápidas transformações econômicas, tecnológicas e políticas deste período constituem o cenário volátil ao qual as instituições, em diversas áreas e setores, têm sido instadas a se adaptar. (Henkin, 2009, p. 7).
Da mesma forma, Vlaemminck (1961:XIII) analisa o desenvolvimento histórico da Contabilidade, estabelecendo uma correlação de sua evolução com a Economia:
“A Contabilidade é indubitavelmente uma técnica auxiliar da Economia. Como consequência aparece, se expande e se degenera ou se retrai ao compasso da evolução econômica das civilizações, nas diversas regiões e distintas épocas de sua história. Tratar de nos manifestar sobre o paralelismo entre a evolução econômica geral e a evolução de um dos métodos a serviço da economia das empresas: a técnica das contas”.
A padronização e a harmonização contábeis são preocupações mundiais, que buscam dentro do contexto da economia global um entendimento único dos termos, princípios, normas e formas de apresentação das Demonstrações Contábeis, para que os diversos usuários possam realmente entendê-las e interpretá-las. A evolução da contabilidade sempre esteve atrelada ao desenvolvimento da humanidade, e tal fato histórico também ocorreu no Brasil, desta forma atrela-se a relação profissional técnica com sua história e evoluções sociais, tarefa exercida pela academia de ciências contábeis.
A Academia de Ciências Contábeis do Rio Grande do Sul foi fundada em 22 de setembro de 2002. Ela é oriunda da Associação das Empresas de Serviços Contábeis do Planalto Médio (ASESCOPLAM). A academia é uma associação de profissionais da área contábil, constituí em uma entidade estadual, pessoa jurídica de direito privado, com caráter cultural e cientifico.
Suas finalidades são diversas, mas bem objetivas e pontuais. Congregar a classe contábil de alto saber e ilibada reputação e expressões da mais alta cultura contábil. Entre as missões da academia é estimular o desenvolvimento cultural, solenidades cívicas e comemorativas de acontecimentos históricos e relevantes da classe contábil.
Outra importante finalidade e objetivos e a integração com todas as Universidades que compõe o curso de ciências contábeis, como também centros acadêmicos e também interagir com as demais academias de ciências contábeis do país e do exterior, sempre visando o aperfeiçoamento e desenvolvimento de estudos e técnicas contábeis.
Cabe ressaltar que o interesse pela pesquisa das técnicas contábeis, também é um dos focos da Academia de Ciências Contábeis do Rio Grande do Sul. Pois o significado da palavra Pesquisa, que se refere a um conjunto de ações que visam a descoberta de novos conhecimentos em uma determinada área.
Andrade (2003, p. 121) refere-se a pesquisa como sendo um conjunto de procedimentos sistemáticos, baseado no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para problemas propostos, mediante a utilização de métodos científicos.
No meio acadêmico, a pesquisa é um dos pilares da atividade universitária, em que os pesquisadores têm como objetivo produzir conhecimento para uma disciplina acadêmica, contribuindo para o avanço da ciência e para o desenvolvimento social.
Em relação a seus membros, a academia será constituída por oitenta membros efetivos que ocuparão cadeiras instituídas no papel de titular. Cada membro terá seus respectivos patronos, que será um profissional da classe contábil que tenha desenvolvido atividades relevantes na área e das ciências contábeis.
A missão dos acadêmicos é a de modificar conceitos e agregar ideias, fatos marcantes e relevantes, e que suas contribuições são pelo carinho e respeito fiel da responsabilidade do desenvolvimento da profissão contábil, a preservação da história e a importância de exercem um papel importante para o desenvolvimento da sociedade contábil.
Os membros da academia terão designações. Os fundadores, são aqueles que idealizaram a fundação da academia e assinaram a respectiva ata. Os efetivos são aqueles membros ocupantes de cadeiras, obedecendo os critérios e limites. Os membros beneméritos que são aqueles membros que pertencem ou não ao quadro da academia que tenham prestado relevantes serviços a divulgação e prosperidade da academia ou relevantes serviços a classe e a cultura da ciência contábil. Por fim os membros honorários que são aqueles que durante dez anos ou mais foram titulares de cadeiras.
4 – A ACADEMIA E A PROFISSÃO CONTÁBIL
O contador do futuro deve estar sempre preocupado, lendo e aperfeiçoando-se, porque a contabilidade, por ser uma ciência social, está em constante modificação, e quem não se atualizar perderá o rumo da história profissional.
Vários conceitos históricos da profissão contábil servem como um guia para o profissional da área, normatizando padrões de conduta na hora de escriturar os fatos contábeis, como a objetividade, conservadorismo, materialidade e a evidenciação. Analisando o processo evolutivo da contabilidade ao longo da história pode-se perceber que, em cada época, a contabilidade procurou ou tem procurado gerar informações que pudessem atender aos requisitos da sociedade.
Schmidt (2000:12) assevera que:
“Dentro de um aspecto arqueológico, a Contabilidade manifestou-se há quase dez séculos, portanto, muito antes do próprio homem ter desenvolvido o espírito de civilidade. Assim como o homem progrediu, a Contabilidade, como uma ferramenta indispensável para o progresso da humanidade, perseguiu esse progresso. A epítome do enredo evolutivo da Contabilidade leva ao desfecho de que, assim como qualquer ramo do conhecimento intimamente relacionado com o contexto social, a História do Pensamento Contábil (HPC) é produto do meio social em que o usuário está inserido, tanto em termos de espaço como em termos de tempo”.
Com o desenvolvimento cultural, social, ambiental e econômico, a contabilidade também se desenvolve e evolui. A contabilidade se originou com a necessidade de registros do comércio.
[…]. É claro que a contabilidade teve evolução relativamente lenta até o aparecimento da moeda. Na época da troca pura e simples de mercadorias, os negociantes anotavam as obrigações, os direitos e os bens perante terceiros, porém, obviamente, tratava-se de um mero elenco de inventário físico, sem avaliação monetária (IUDÍCIBUS 1997, p. 30).
A contabilidade teve influência tanto da escola italiana quanto da americana, sendo que a primeira foi a que influenciou inicialmente o país, porém foi na segunda que o Brasil se baseou para formação da Lei das Sociedades por Ações, que ocorreu a partir da Resolução nº 220 e da circular nº 179 do BC e para a implantação do ensino acadêmico.
O atual ambiente operacional das empresas, caracterizado por uma grande concorrência, tem exigido que os contadores estejam em constante evolução, ampliando suas habilidades pessoais, entendimento do negócio e participando ativamente no processo de gestão para atender de forma eficaz as demandas desse novo ambiente, definindo assim o novo perfil do profissional contábil.
[…] O profissional contábil gerencia todo o sistema de informação, os bancos de dados que propiciam tomadas de decisões tanto dos usuários internos como externos. Toda sociedade espera transparência dos Informes Contábeis, resultados não só de competência profissional, mas, simultaneamente, de postura ética. (Marion 2009, p.29.).
É importante que o ensino das Ciências Contábeis evolua de forma intensa vistas à formação de profissionais, competentes e qualificados acompanhando o desenvolvimento dessa ciência.
A Academia de Ciências Contábeis do Rio Grande do Sul espera desabrochar um novo espaço e um novo momento da profissão contábil, para o encontro e o entendimento das gerações passadas, presentes e futuras.
Por um lado, resgatar e valorizar as conquistas da classe contábil, como também preservar fatos e feitos dos memoráveis mestres da Contabilidade, propagando a evolução das técnicas e experiências profissionais, mas principalmente os avanços técnicos e legais alcançados pela profissão. Pelo outro lado, é a de manter viva a memória e conquistas da classe de contadores.
Considerar a contabilidade como ferramenta fundamental para o desenvolvimento do raciocínio lógico dos profissionais e para o pleno exercício da cidadania de toda a ciência contábil, seu ensino deve oferecer o suporte adequado para as outras disciplinas, através do ensino de tópicos que permitam exprimir de forma adequada, por exemplo, os fenômenos econômicos ambientais e sociais, e as aplicações tecnológicas.
Estimular, no ensino da Ciência, a curiosidade natural e a criatividade dos profissionais e alunos, de modo que, desde o início do ensino, eles aprendam a observar, tirar conclusões, formular hipóteses, experimentar e verificar suas conclusões. Tem-se que pensar a ciência suas essências e evoluções.
“… a ciência como um pensamento racional, objetivo, lógico, confiável, ter como particularidade o ser sistemático, exato e falível, ou seja, não final e definitivo, pois deve ser verificável, isto é, submetido à experimentação para a comprovação de seus enunciados e hipóteses, procurando-se as relações causais; destaca-se, também, a importância da metodologia que, em última análise, determinará a própria possibilidade de experimentação”. (MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 23).
O ensino da contabilidade deve ser vivo, pela atualização técnica constante e exercício permanente da escrita e da comunicação. O estudo da ciência contábil deve permitir que os profissionais e estudantes sejam capazes de ler, entender e comunicar verbalmente o conteúdo dos relatórios e balanços, e escrever um parecer de forma correta, organizando as ideias de forma lógica e coerente.
Transmitir e elaborar, no ensino de ciências sociais, os fatos atuais, conceitos, abordagens e controvérsias que permitam aos profissionais e estudantes o exercício pleno da cidadania, dando-lhes acesso ao patrimônio cultural, literário e técnico brasileiro e universal da contabilidade, assim como o conhecimento de aspectos centrais da sociedade e da cultura em que vivem.
Determinar, nas diversas áreas de conhecimento, com um conjunto central de competências, adequadas aos diversos níveis do ensino da contabilidade, que os profissionais e estudantes devem obter. Incluir nessas competências os conhecimentos interdisciplinares e específicos, a capacidade de utilizá-los e as atitudes e valores indispensáveis para os cidadãos ao longo da vida profissional.
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa histórica permite identificar, resgatar e analisar marcos relevantes da evolução da sociedade, no mundo e no Brasil. Um marco importante é o impacto das ocorrências econômicas, políticas e sociais das sociedades. A contabilidade desde tempos remotos se mostrou dotada de capacidade de transformar fatos, sociedades e dados em informações indispensáveis para o acompanhamento dos vários tipos de patrimônios.
Desenvolver a ciência, tecnologia e inovação são recursos indispensáveis para o desenvolvimento da economia, social e ambiental de uma sociedade, com também e a utilização de políticas adequadas nas áreas econômicas e financeiras da gestão das organizações.
A Academia de Ciências Contábeis do Rio Grande do Sul, desde sua fundação, está comprometida com o desenvolvimento da profissão contábil, sua história e o desenvolvimento da ciência contábil e suas técnicas de gestão econômica financeira e de administração das empresas.
Além disto, não se deve perder de vista a história da profissão, seus frutos, a civilidade, o amor ao próximo, a capacidade de discutir objetivamente, de trabalhar em grupo e de respeitar o próximo e os seus direitos.
A formação científica deve ser um componente central da Academia de Ciências Contábeis do Rio Grande do Sul desde os seus primórdios, ao lado da formação no uso das técnicas contábeis.
Concluiu-se da importância da Academia de Ciências Contábeis do Rio Grande do Sul no desenvolvimento histórico da contabilidade e que a classe contábil sai fortificada com a existência da mesma, onde não somente serão cultivadas as memórias de todos aqueles que contribuíram para o aprimoramento da Ciência Contábil, mas também para o desenvolvimento de novos pensamentos e pesquisas na área contábil.

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